selfie interlocutória
sentado,
sentindo a razão queimar
na calçada de costas pro sol
desafiando alguma sombra
imóvel a movimentar
a minha vida, ali,
igualzin que minha mãe
sempre me diz:
sofrendo por antecedência
resolvendo sem paciência esse
desenrolar
infinito da última atualização
sofrendo por antecedência
a recarga solicitada não sei
se ausência
de peso energia
ou paixão
distraindo algumas vontades vazias
trago por um labirinto nervoso algumas
azias
sofrendo por antecedência
trazendo pela coleira
uma vontade
de destituição da presidência
guiando carnívoras angústias
pr’eu seguir até o intervalo,
de par em par
de quatro em quatro
horas os
anseios serão permitidos
inteiros
derramados
pelogargalo
com a boquinha assim
esperando querendo
respirar mastigar
nem que seja pela borda
curtir corroer e compartilhar
engolir com as outras
boquinhas mastigantes
exultando solenemente
em óperas de fome
qualquer migalha que
se insinua
pra esse
estômago no chão
na superfície da tela
mastigando o barro
sou eu
na televisão